sexta-feira, 10 de novembro de 2006

O não saber ser quem sou...

Sinto que não consigo sentir! Sei que não sei nada sobre o que julgo que sinto pois sei que não sinto! Sento-me então!

Sei que me sento porque sei o que é sentar, logo sei algo, mas ao saber o que sei, sei que não sei nada do que deveria saber! Sabiam?

Isto de não se saber o que se deve saber leva a que por vezes não saiba sequer quem sou! O que faço aqui... porque escrevo eu estas linhas?

Acho que o escrever me ajuda a esvaziar a alma sempre cheia de nada que seja preocupante... tenho de novo algum tempo para divagar... e devagar vou escrevendo o que penso que sinto... mas eu não sei sentir...

A paradoxialidade da minha personalidade faz com que me perca no que julgo ser... sem o ser... o ser em si é físico, mas este ser que eu sou é um ser inconstante... sei que não sou o que sou, mas ao saber que não sou algo não estou eu a ser outra coisa?

Raios partam a coisa... a coisa e as coisas que me vêm à cabeça... procuro a minha identidade, alguém a viu? Desde que deixei este mundo que não sei ser o ser que outrora fui...

Esta cultura, esta informação, os factos que nos são bombardeados diariamente fazem com que eu me confunda... e com isto confundo os outros também...

Procuro uma identidade que me identifique, um rótulo que indique o que eu constituo... sem que constitua algo, pois é na constituição das coisas que nos desconstituímos...

É neste círculo, não, nesta esfera paradoxal que me encontro, ou que me perco? Acho que estou perdido na esfera do meu ser... divagando por entre vectores e eixos vejo-me como que através de uma esfera de cristal fosco... como que deformado por ângulos de reflexões que não posso reflectir... e reflicto!

Pergunto-me qual o sentido da vida, a necessidade da minha existência, a essência do sentir e do pensar, do ser que não sou mas os outros julgam ser! Pergunto-me se vale a pena percorrer as horas dos dias e das noites em claro, se vale a pena percorrer a calçada a meus pés, o alcatrão às minhas rodas, o mar à minha volta...

Perco-me no mar de gente que me rodeia... e nele navego sem rumo, sem bússola, sem estrelas e sem astrolábio... Procuro-me na imensidão de estrelas que povoam o universo que desconhecemos... e se as estrelas brilhassem de dia?

Será que há um planeta como o nosso nessas galáxias perdidas na imensidão do escuro do universo... uni – verso, é como que um lado único! Uni de único, verso de lado... nunca tinha visto isto por este lado!

Tanto para escrever... tão poucas linhas... sinto-me mais leve. Agora posso ir dormir! Tentar sonhar, entrar nesse mundo paralelo no qual todos os laços são soltos, nessa realidade alternativa na qual tudo tem uma alternativa mas não tem qualquer nexo!

Vou procurar esse lugar onde pudemos ser sem nos chatear e sem nos chatearem...

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