terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Assim sou, assim vou…


Eu não luto.
Já o sabes, porque me questionas?
Eu não luto,
posso dar-me um pouco ao trabalho… mas
eu não luto.
Só assim posso manter o meu luto,
eu não luto.
Só assim permaneço em vulto, tudo porque
eu não luto.

Não te prendo.
Voa em busca do que te preenche, eu
não te prendo.
Viaja pelos caminhos da mente…
Não te prendo.
Procura esse amor que te perturba, eu
não te prendo,
Perde-te nessa, só tua, loucura…
Não te prendo.

Vagueio.
Por entre os ciprestes, em devaneio,
Vagueio…
Procuro encontrar-me na noite…
Vagueio.
Desejo ver-vos no nevoeiro… perdido,
Vagueio…
E assim me desencontro nesta mente onde
Vagueio.

A dor,
deixa-me calmo, plácido…
A dor,
quer-me comer as entranhas.
A dor,
como ela é perniciosa,
a dor…
É o bem necessário, preferível,
a dor.

Retiro-me
desse teu mundo imaculado…
Retiro-me
para um lugar, calado, tranquilo.
Retiro-me
sozinho, cândido, mas libertino.
Retiro-me
para junto de Sade e Maquiavel,
retiro-me.

Afonso Sade