sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Sonho...

Sinto-me mal pelos conhecimentos que tenho, quem me dera ser ignorante... não saber porque o sol passeia pelo céu, nem saber porque há estranhos pontos a brilhar na noite... Lembro-me de me incutirem o conhecimento como sendo a fonte de todos os problemas, "estuda se queres ser alguém na vida." E assim o fiz, sem muito me matar, sem me arruinar tentei descobrir o que fazia a terra girar, a razão de transpirar e porque raio as endorfinas nos fazem pifar… E com os tempos a passar nem sequer me apercebi que é na ignorância que a felicidade nos sorri…

Entristecem-me as caras de espanto perante o inolvidável, sendo este por nós menosprezado… Invejo-lhes a ignorância, o sorriso sincero perante o terror, pois dele não sabem as façanhas… Quem me dera ser pastor e vaguear pelas montanhas… ser pescador e enfrentar ondas tamanhas… Chego a casa e sento-me, ligo a TV, o sortido de descalabros, será que ninguém vê, seremos todos (afinal) parvos?

Quem me dera guardar rebanhos, numa ignorância tamanha e que me espantassem estes tremores desta ilimitada malvadez… de vez. Como queria ser livre para vaguear pelos montes, guiado pelos irracionais, irracionalizando assim uma perfeita harmonia. Trepar ao mais alto dos penhascos, lavar-me no mais límpido dos rios, alimentar-me dos bagos das árvores soalheiras, dormir aconchegado nas tojeiras.

Em vez disto que hoje vivo, esta prisão de conhecimentos, estes tremores constantes com a preocupação inerente por o desconhecido, o nosso maior inimigo… Esse desconhecimento que todos tememos, que nos leva à loucura e com o qual perdemos qualquer noite de sonhos… Esse constante desconhecimento do futuro, das novas tecnologias… essas armas frias.

Pudesse hoje voltar a ser o menino traquina que em tempos vivi, aquele pequeno reguila que outrora perdi… Como seria mais simples recusar-me a ler, e como seria mais interessante atrás da cabras correr… e na solidão da pastoreia cantar, gritar e dançar, perdido numa feliz ignorância de conhecimentos despida…

Albano

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