terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Tu

Sei que não sei sentir,
Contudo esperava sentir-te!
A cada entrega tua sinto-me...
Bem! Mas não te sinto!
Quando estás por perto
Tudo fica diferente!
Quando estás distante
Tudo fica na mesma diferença.
Não me és diferente!
Na tua presença sinto-me
Bem! Mas não te sinto!
Na tua ausência sinto-me
Melhor ainda, sem conseguir sentir!
És-me indiferente na tua diferença
És substituível na tua omissão!
Sabes disso, mas o que te faz continuar?
O nosso futuro acabou no passado,
Mesmo antes de começar...
O fim já tinha sido atingido!
Mesmo assim perguntas-me se te amo!
Não vês que não sei sentir!
Dizes-me incompreensível,
Mas é a ti que eu não entendo...
Cada rendição tua...
Cada sujeição a que te propões,
Pergunto-me se és masoquista!
Mas no fundo vejo que sou eu apenas...
Sádico?


Afonso Sade



No trono da minha solidão vejo-te passar!
Vejo o nosso futuro corrompido...
Sentimentos de ódio que não percebemos,
Empatia que desconhecemos!
Aversão que não entendemos,
Sentimentos de sintonia que não atingimos!
Entre conhecidos somos intoleráveis,
Entre carícias somos admissíveis.

No trono da minha solidão vejo-te desaparecer!
Vejo o nosso passado atribulado...
Sentimentos de paixão que entendemos,
Incompreensão compreendida!
Antipatia que era apenas apatia!
Sentimentos de simultaneidade que atingimos!
Entre desconhecidos éramos um só,
Entre discórdias éramos insuportáveis.

Sinto-me bem na tua ausência!

Afonso Sade
Desenho: Gerald Brom
Foto: Olhares

1 comentário:

joaninha disse...

sádico não diria... acho que te consigo perceber até...