sexta-feira, 27 de outubro de 2006

O Corvo...


Corvo que jazes vazio nesse tronco oco que aflora no meu jardim,
Porque não foste morrer longe?
Corvo que adoravas esvoaçar entre espantalhos,
Porque não foste morrer longe?
Corvo que fitavas o infinito do canto da minha janela,
Porque não foste morrer longe?
Corvo vagabundo que teimavas em não me acompanhar,
Porque não foste morrer longe?
Corvo irritante que não paravas de flutuar,
Porque não foste morrer longe?
Corvo que voavas baixinho, muito perto do meu caminho,
Porque não foste morrer longe?
Corvo vadio que todos os dias tinhas novo ninho,
Porque não foste morrer longe?
Corvo cruel que tornaste a minha vida em fel,
Porque raio me vieste morrer à porta?

Afonso de Sade

6 comentários:

Anónimo disse...

Es tu que escreves isto?!!!
Muito bem.

BadSeed disse...

Sempre que me falam de corvos lembro-me de Edgar Allan Poe e de "The Raven" que já foi adaptado para música. Gostei do teu texto. E recomendo-te o poema do senhor Poe. Foi num episódio dos Simpsons que eu o "descobri"... Está aqui. Muito boa a leitura do James Earl Jones. Altamente recomendável.

http://www.youtube.com/watch?v=W5pQfn1mRzk&mode=related&search=

Anónimo disse...

Estou impressionada!!
Também és poeta?
Muito bem, gostei muito.
Parabéns

Afonso Sade disse...

Bem, fico lisongiado com tanto elogio.
Mas primeiro não sou poeta, segundo não sou bem eu que escrevo e não, tb não é o Dimi, digamos que será como que um Alter Ego... ou coisa do género... eu apenas assino!
Mas fica assegurado que lhe comunico as opiniões! ;)

Anónimo disse...

Olá, belo texto. Fiz o exercício de substituir a palavra corvo por Mulher (e adaptar o texto ao feminino) e ficou o máximo! Experimentem!Também dá pra 'Homem'! Eheh! Bom fim de semana!

Afonso Sade disse...

Ora mto bem visto, nunca tinha pensado nisso...mas secalhar é melhor um anjo, é que nem a mulher nem o homem no seu estado normal voam... sempre podemos pensar no "Icarus"...

Gostei da tua observação!

Bjinhos